Brinque com palavras, com o corpo!

Este Blog expõe reflexões de uma dançarina e psicanalista sobre a dança.

No jogo das palavras, o corpo ora se esconde, ora aparece. O corpo, veícula da vida, nos dá sustentação. É o que vai nos propiciar gozar, usufruir o que é nosso por direito.

A DANÇA MIXX é uma dança livre e em parte subversiva. Livre pois transita entre vários estilos e modalidades de dança e cultura. Subverte a ordem do clássico, do oriental, do contemporâneo. Não se encaixa em classificações. Porém, seu ponto central é o trabalho intenso corporal visando a possibilidade de vivenciar outros gozos na dança e na vida.

Vamos brincar, capacidade que algumas crianças têem. Vamos criar, mexer, torcer, girar, pular, correr, tonificar, ouvir o som que nos toca. Vamos nos emocionar!

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quarta-feira, 23 de maio de 2012

A música pode causar o desejo de dançar!


O que movimenta um corpo? O Som?

Pina Bausch se interessa dentre muitas coisas, pelo ser humano. Ela deseja saber o que faz um corpo se movimentar. Muito mais que pesquisar o movimento, a questão pode ser traduzida como o que causa o desejo de dançar? Ela sustenta ter uma questão. E não se apressa em respondê-la pois sabe que não é fácil nem simples responder.

Um de meus estudos se vincula ao som. Mais especificamente à relação dança- som. Baseada em minhas vivências de danças de vários estilos e de estudos antropológicos e psicanalíticos, torno minha, a questão de Pina Bausch e afirmo que a música pode funcionar como um “objeto causante” do desejo de dançar. Não só a música mas neste post, enfocarei esta questão.

A DANÇA MIXX, dá importância especial para a música. É uma questão desta dança, a relação entre DANÇA E SOM.

O Som da África:

“Um aspecto essencial da corporalidade e que, em grande parte, depende da música é a dança”... PINTO, Tiago de Oliveira. Som e música. Questões de uma antropologia sonora. Rev. Antropol., São Paulo, v.44, n1, 2001.
Existem bailarinos que dançam sem a necessidade de ouvir uma música. Porém, o que coloco é que para algumas pessoas, o som é algo fundamental, algo que causa o desejo de dançar.
A Dança Africana pode fisgar, capturar algumas pessoas pela via do som. O som do coração, da emoção. O som que causa o desejo de dançar livremente. Ou seja, ela propicia uma liberdade de expressão dançante que invade a pessoa. A música Africana chama o sujeito. A Dança Africana oferece recursos para a pessoa se permitir viver o instante de gozo. Nesse caso, a pessoa está focada nela mesma. Livre do olhar do outro.

Muitos sofrem pela via da imagem, ou seja, pela via do próprio olhar no olhar do outro. Quero dizer, muitos passam a vida aprisionados em suas imagens.

A música e a dança Africana podem nos libertar do engodo da imagem e de outros males! Nesse sentido, ela tem um caráter libertador, em parte “curativo” no sentido de aliviar certos mal-estares mas, em parte, pode ser assustador. Para algumas pessoas entrar em sintonia com algo que foge ao controle racional pode ser amedrontador, angustiante.
Tiago de Oliveira Pinto em seu ensaio, afirma: “...fica evidente que na maioria dos idiomas africanos o aspecto sonoro e o movimento de música e dança são inseparáveis. Ao analisar-se música Africana, portanto, dança e expressão corporal devem ser sempre considerados.”

O autor destaca e aponta a relação direta entre a dança e a música. Essa relação pode ser vivida na Dança Africana e em outras danças também.

O Som do Oriente:
O som da dança Oriental é marcado por quebras. De uma cobra rastejando lentamente pode passar para uma batida cadenciada em segundos. Depois, retornar á sinuosidade da cobra em um ritmo mais acelerado. Ou seja, o som da Dança Oriental é um som que comanda o movimento. Claro que o sujeito é livre para atuar como quiser, mas, estando em relação á um som irá se posicionar.

Este som apresenta um caráter “hipnotizatório” e sedutor para alguns, agressivo para outros.

Marcia Camasmie Dib, em sua defesa de mestrado, defende que dança e música caminham juntas em função da constatação de que “corpo e som dialogam para produzir o fenômeno da dança”.

Outros sons
A música clássica pode ser um bálsamo para alguns. Para outros, pode fazer com que o sono chegue e uma espécie de angústia se desenvolva. Esse estilo musical pode também propiciar uma vivência de criação. Ouvindo uma música, podemos desenvolver histórias, criar, construir fantasias. A dificuldade está em traduzí-las na dança. É um som exigente e seletivo.

O Jazz, maravilhoso jazz nos leva para um outro tempo. Pode orientar uma pessoa para fantasias sensuais, pode causar o desejo de dançar.

A música eletrônica, com suas variantes, pode ter um efeito tanto inibitório no ato de dançar quanto repetitivo. Ela ou afasta a pessoa da pulsão de dançar ou aproxima.
O tango pode despertar sentimentos passionais, angústias profundas que saem do corpo que baila. Pode funcionar como um identificador de sentimentos da ordem da relação amorosa. Traduzindo, o som do tango pode denunciar como uma pessoa é na relação com o outro. Não só o tango, mas pricipalmente.
A música Pop vincula-se a um contexto histórico, vivido aqui e agora. Pode também provocar uma pessoa, convidá-la a dançar.


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