Brinque com palavras, com o corpo!

Este Blog expõe reflexões de uma dançarina e psicanalista sobre a dança.

No jogo das palavras, o corpo ora se esconde, ora aparece. O corpo, veícula da vida, nos dá sustentação. É o que vai nos propiciar gozar, usufruir o que é nosso por direito.

A DANÇA MIXX é uma dança livre e em parte subversiva. Livre pois transita entre vários estilos e modalidades de dança e cultura. Subverte a ordem do clássico, do oriental, do contemporâneo. Não se encaixa em classificações. Porém, seu ponto central é o trabalho intenso corporal visando a possibilidade de vivenciar outros gozos na dança e na vida.

Vamos brincar, capacidade que algumas crianças têem. Vamos criar, mexer, torcer, girar, pular, correr, tonificar, ouvir o som que nos toca. Vamos nos emocionar!

Informações sobre aulas- (11)- 9 9916-3993

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Desh


Espetáculo de Akram Khan.
O bailarino, na posição de analisando que dança e conta sua história e marcas de vida em seu corpo.

O corte da sola dos pés do pai foram-lhe transmitidos sob a forma de movimento corporal.

Condansação


A dança, diz da condensação, do ato.

É uma metáfora do que a psicanálise diz do corpo...
 
 

 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Badiou e sua sabedoria sobre a arte de dançar






“A dança, precisamente por ser uma arte absolutamente efêmera, já que desaparece assim que ocorre, detém a maior carga de eternidade. A eternidade não consiste no “permanecer tal” ou na duração. A eternidade é precisamente o que conserva o desaparecimento. Quando um olhar “fulgurante” se apodera de um desvanecimento, só pode conservá-lo puro, fora de qualquer memória empírica. Não há outro meio de conservar o que desaparece senão conservá-lo eternamente”.

 

 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A dança entre o corpo, lalíngua e o lugar do sujeito



Vilene Moehleck, em seu artigo denominado: “Da dança e do devir: o corpo no regime do sutil” trabalha a questão do corpo, da dança e do corpo que dança. O que pretendo destacar neste post são algumas questões que esta autora me despertou e que se fazem relevantes no tocante à função da dança, ao seu sistema e ao sujeito e sua história e sua relação com o corpo próprio:

1- “O corpo que dança procura, por meio de sua gagueira hesitante, saltar para a produção de sua própria língua”.

O corpo que dança busca uma produção! Um produto, uma língua. Não qualquer língua. Que tipo de língua seria? Uma linguagem no sentido de Chomsky? Lalíngua?

Antonio Quinet, psicanalista carioca, ao se debruçar sobre a questão do corpo postula que este, traz uma marca própria que o “permite colocar-se numa cadeia significante”. Em seguida, ele afirma: “O ser humano é um corpo falante. E esse corpo é sede de lalíngua”.

Para a primeira questão que o texto de Moehleck me suscitou, a saber, sobre esta língua própria, parece que a autora se refere em psicanálise à lalíngua. Ou seja, o corpo que dança, procura produzir esta tal de lalíngua que é singular. É através dela, que um corpo pode gozar ou como Quinet coloca: “Só através dela é que a linguagem existe para fazer falar um corpo que goza”.

O autor continua: “O corpo como organismo é sede de lalíngua”. O que seria então esta lalíngua? Lalíngua é algo da língua materna que foi creditado no corpo. É o que faz do corpo um corpo falante!

Retomando, a autora afirma que um corpo que dança procura produzir uma língua propria! É como se o bailarino tivesse uma “reserva” de língua materna que seria o combustível para um produto de uma língua própria não sem levar em conta esta reserva.

2- “A dança se torna um meio de entrar em outro mundo, no mundo do outro”.

Em função de ter tido este crédito da mãe (e entenda-se mãe não somente no sentido literal mas sim em termos de função) poderia o sujeito entrar no mundo do outro? Se é sabido que o mundo é do outro, é porque não há exclusão deste outro. Isso se traduz pelo processo dialético de alienação/separação.

A entrada do sujeito na linguagem tem relação com este outro que lhe fala. Afinal, como seres imaturos organicamente desde o nascimento, dependemos do outro.

3- “...o corpo que dança se desprende de sua identidade e se abre para a criação de novos contornos, experimentando, assim, gestos de mundo e novos modos de existir”.

Identidade aqui colocada como idêntico, igual. Afirmar que o corpo se desprende de sua identidade, retorna a questão acima sobre o processo de alienação/separação. Ou seja, o sujeito, se separa de si mesmo e transcende. Como a dança funciona!!!!

A transcendência envolve experimentar novas formas de existir, novos gestos. Transcender o lugar do sujeito em sua história. Aquele que se reconhece como “filho mais velho”, “o pequeno”, “o inteligente”, “o maluco”, “o agitado” poderia na dança, experimentar estar em outros lugares. Novos modos de existir, implicam novos lugares na vida. Troca de sintoma!

quinta-feira, 1 de maio de 2014

ITMOI



O coreógrafo no lugar de "analista" de Stravinsky.
Sua leitura não foi releitura e sim uma interpretação única e apavorante!
Giros Dervichianos, braços flamencos, mãos Kathakianas e muito Afro!
Lindo, deslumbrante e certeiro.
Isso toca.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Para todo falasser


Para os homens, a saber...

“Permito-me dizer que o sinthoma é, muito precisamente, o sexo ao qual não pertenço, isto é, uma mulher. Se uma mulher é um sinthoma para todo homem, fica absolutamente claro que há necessidade de encontrar um outro nome para o que o homem é para uma mulher posto que o sinthoma se caracteriza justamente pela não- equivalência”. Lacan, J. – O Sinthoma

terça-feira, 1 de abril de 2014

O dançarino, o pintor e o músico por Weill

 “... Onde o homem, observado de todos os lados, fica transparente, eis que o pintor recorda-lhe que ele continua habitado pelo invisível; onde o homem é ouvido de todos os lados pelas mídias, pelas estatísticas, pelas pesquisas de opinião, a musica vem lembrar-lhe que, ao contrário e contra tudo, o inaudito conserva suas exigências; onde os movimentos do homem são calibrados, por todos os lados, sobretudo pela maneira de movimentar-se dos novos ídolos que são os stars, o dançarino é aquele que relembra ao homem o fato de que nele permanece um movimento original cujo caráter absolutamente inimitável ele tende a esquecer, dada a pregnância das imagens que sugerem a imitação massificada”. Weill D, A. P 35.

 

terça-feira, 25 de março de 2014

Corpo-sintoma-Sinthoma

Pesquisando a questão do corpo...
Trechos do texto de Antônio Quinet na revista Stylus de número 19.
Vale a pena para quem está envolvido com a questão do corpo tanto do ponto de vista psicanalítico quanto de outras perspectivas...

“...É através do sintoma que lalíngua faz do corpo um corpo falante”.

“ Saber da lalíngua é a única arma contra o sintoma”.

“...o sinthoma é a marca deixada pela chuva de letras de lalíngua no corpo”.

“O que é o corpo para a psicanálise afinal? O corpo é o eu, feito de imaginário, ou seja, constituído pela imagem especular do eu-ideal composta através do espelho do ideal do eu que é o ideal do Outro. O corpo é tecido de linguagem pois ele se incorpora ao Outro que é o primeiro corpo...”

“...esse corpo pode estar vivo ou morto, estar calado no silêncio da pulsão de morte ou vibrar com eros.

Para estar vivo esse corpo precisa ser um corpo que goza. Deste modo, ele está nos três registros: no imaginário do espaço, no simbólico da linguagem e goza como corpo real”.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Hystoire da Dança Mixx em primeira pessoa: articulações dança e psicanálise...


Capítulo 1- História inicial (não é a pré-história)- Ai!!
Era uma vez um mundo do não saber e das dores. Sentia dor no estômago sem saber o que era estômago, sem saber o que era fome. Sem saber que meu corpo era meu, sem saber que eu tinha um eu. Pois meu corpo, não era meu. Mas as dores, sim. Essas eram minhas, somente minhas, reais, e se faziam presentes. Nem sabia o que era dor, tampouco o que era eu, meu e outro.
Então, uma fada me acolheu, me olhou, me deu alimento, trocou minha fralda e falou comigo. Disse que eu chorava e me sentia mal porque eu precisava de alimento e precisava trocar a fralda e que parecia desesperada e nervosa. Logo, ela, que deslocava sua energia em mim, além de trocar minha fralda e falar comigo, me alimentou.
Enquanto eu era alimentada, ouvia sua voz que percorria um caminho que desembocava em meu corpo. O som era como um lençol de pétalas de rosas macias que me cobria na noite. Seus braços eram como uma rede que se adaptava ao corpo. Seu cheiro de leite era como se eu estivesse em um deserto andando durante dias sem água e encontrasse uma cachoeira límpida e refrescante.
De repente, minhas dores se foram! Vivi uma espécie de êxtase! Queria novamente isso.
As dores se foram por um tempo, apesar de retornarem. Quando elas voltavam, eu ficava lembrando aquele momento mítico no qual a fada me acolheu. Eu alucinava e às vezes até funcionava. Mas não era sempre que dava certo. Quando a fome e o desespero apitavam, eu dependia da fada sem saber. Eu achava que ela podia me dar novamente aquele momento de satisfação plena.
Ela que deu conta do meu circuito prazer/desprazer e causou e marcou algo em mim, em meu corpo. Meu corpo queria ficar repetindo essa experiência de satisfação. Neste momento, parece que comecei a perceber que talvez eu tivesse um corpo. Dependente do outro, é claro.
(Foi graças à essa fada que eu tive a possibilidade de um dia saber que tenho um corpo e que esse corpo não é somente biológico. Ele tem necessidades extras).

Capítulo 2- Início do meio da história- eu acredito em fadas!
No momento em que ela me alimentou, vivenciei um prazer inexplicável. Era como se só existisse prazer e satisfação na vida. Não era somente fome que eu tinha, mas sim, uma ânsia de repetir por milhares de vezes este estado mítico.
(Princípio de prazer)
Em alguns momentos me perguntei se aquilo era real, tanto se as dores eram reais como aquele momento de gozo. Mas entrei em um circuito de buscas e mais buscas infindáveis para reencontrar aquilo que experimentei e que perdi. Sim, perdi, pois aquela satisfação plena que vivi desapareceu. A culpa é do princípio de prazer! Ele é que manda neste momento da história!
(Repetição, gozo e  princípio de realidade)
 
Capítulo 3- Meio da hystoire- Início do fim- a castatação (mistura de castração com constatação): um pouco de gozo pelo amor de Deus!
Então, o fim desta história, que neste ponto virou hystoire, é contada por cada um, um a um. Cada um com sua saída em relação a perda deste momento mítico. O fato é que nunca mais encontrei esta satisfação. Encontrei outra bem mais singela. (Mas, eu ainda consigo me iludir e isso pode ser necessário muitas vezes).
Então, para dar conta desta falta, tive que fazer algo! Mesmo sabendo no meio do caminho que algo estava perdido para sempre.
Na realidade, esse algo, não estava perdido, pois nunca tinha sido possuído. Essa foi a castatação maligna! Essa doeu! Doeu mais que aquela dor de estômago.
Então, me dei conta de que minha busca em torno disto, desse algo jamais possuído, dizia respeito a uma Coisa. Uma Coisa que contém um vazio, uma falta estrutural a todo ser humano, no qual o princípio de prazer tentava e tenta comandar. Ele ordena: busque, repita, goze com isso, não pare!
(Das ding – a Coisa)
A busca se tornou infindável justamente pelo fato de que a minha vivência de satisfação comporta algo irrepresentável, que exige um contorno. (Se não contornar, provavelmente enlouquecerei). Preciso bordear, dar forma a Isso.
De alguma maneira, muitas vezes, sem que eu saiba ou mesmo sabendo, estou tentando dar conta deste furo que é comum a todos. Mas como? Se não há representação para esta experiência mítica, o que posso fazer? Se o que há é um buraco opaco, pura falta, vazio... O que pede? O que causa?
A pedida é algo criativo, sublime, inventivo!
Hoje, sei que foi uma ilusão, mais ainda, que foi inscrito na minha alma uma perda, uma falta, um vazio de algo que eu não tive, mas que me marcou para a eternidade enquanto exista minha vida. (Esse fato foi condição para poder inventar).
Com Isso, o que posso fazer é criar o que me falta. Criar um objeto que substitua aquele supostamente perdido. Posso dançar e dar forma ao vazio. Assim, me relaciono com ele. Não o excluo tampouco nego que ele exista. Pelo contrário, afirmo que a dança se relaciona diretamente com ele (vazio) na medida em que faz borda, lhe da forma e movimento, e provoca uma produção.
Para contornar o vazio, pode-se também escrever poesia, cantar, atuar, rezar, fazer ciência, fazer análise.
Capítulo 4- O saber sabido -A sublimação é um saber sobre a falta de um objeto absoluto!- Ui!- não creio mais nela (a fada)!
A criação- Dança Mixx
A sublimação- pode funcionar como a possibilidade de uma construção de um objeto que demonstre, destaque e revele a opacidade desta Coisa, desta falta, deste vazio irrepresentável e estrutural.
“Sublimar é mesmo a capacidade pulsional de encontrar a condição de satisfazer a pulsão de maneira ontológica, isto é, a partir da capacidade de criação do objeto, uma vez que o processo sublimatório é de fato um saber sobre a falta do objeto desejado, sobre o qual, nada mais resta a fazer, além de criá-lo."

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Dance!


 Dança Mixx

“Dançar e não ter a vergonha de ser feliz...”

A Dança Mixx é uma dança que mescla quatro estilos de dança. Intenso trabalho corporal, gasto energético, construção de fantasias, contato com emoções, conhecimento do próprio corpo e valorização da singularidade de cada um são itens de composição da Dança Mixx.

Para pessoas que buscam movimento, vida, ampliação de possibilidades, apreensão de estilos de dança e aumento de prazer.

Fusão de dança oriental, africana, princípios da dança contemporânea e ballet clássico. Pitadas de Isadora Duncan. Músicas das mais variadas e de acordo com o gosto de cada um.

Grupos de no máximo quatro pessoas.

Experimente!

Aulas ás quartas-feiras das 9h ás 10h15 e quintas-feiras das 20h30min ás 21h45.

Aula aberta na quinta, dia 13/03/2014 ás 20h30min

Local: Psicanálise com Arte- Rua Harmonia, 458, casa 1.

Contato: lizgv@uol.com.br; 11- 9 9916-3993

Para experimentar uma aula, ligue ou mande e-mail.

 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Dança Mixx está no Psicanálise com Arte!!!!!

 
 
Domingo, 2/02/2014, a Dança Mixx testemunhou a inauguração do Psicanálise com Arte!
 
Um espaço clínico de trabalhos voltados para grupos e atendimento individual.
 
Um lugar para dançar, soltar suas feras, centrar-se.
 
 
 
 
 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Cartel de dança e psicanálise

Cada um com sua questão...

Compromisso com a sustentação do desejo de aprofundar a questão...

Dança e Psicanálise- possíveis articulações.

Início em março.

Informações:
cel (vivo)- 11- 9 99163993
Email: lizgv@uol.com.br