Todos nós, em algum momento da vida já ouvimos falar que uma
mãe quando criança não fez balé e colocou a filha para fazer. Muitas mulheres,
que se tornam mães, reproduzem esse fato com suas filhas. “Eu não fiz balé, mas
minha filha faz”. Ou então as mães fizeram e pararam por algum motivo e colocam
a criança em uma espécie de obrigação de continuidade.
Na história do ballet clássico este discurso se reproduz
comumente. É um caso clássico do ballet clássico!
Porém, algumas crianças, não todas, não desejam dançar.
Recusando a possibilidade de apreender esta dança. Outras vestem a camisa, ou
melhor, o collant e atuam.
Sigmund Freud, em sua genialidade aponta para a questão da
complexidade da relação mãe-filha enfocando a ausência do pênis e o desejo de
ter um filho como uma resposta ao enigma do desejo feminino. Por mais que Freud
de certa maneira não tivesse alcançado um arcabouço teórico satisfatório para a
questão da feminilidade ele nos orienta:
“A descoberta da castração da mãe acarreta, tanto para o
menino quanto para a menina, uma desvalorização do personagem materno; além do
mais a menina, ao tornar a mãe responsável por sua própria falta de pênis, junta
a esse desprezo um ressentimento, que se traduz por desejo com relação àquele
que tem o pênis. A menina é assim levada a se voltar para o pai, portador do
pênis, na esperança de receber dele aquilo que sua mãe, por natureza, não lhe
pode dar. Em outros termos, é na medida em que ela quer ter aquilo que falta a
sua mãe que se torna uma mulher” .
Para finalizar este escrito, concluo que a dança, pode ser
uma maneira de auxiliar o processo do tornar-se mulher. Lacan nos indica a
questão da ausência de um significante que represente o sexo feminino
propriamente dito. Ás vezes, alguns estilos de dança podem fornecer para
algumas mulheres ou meninas, uma espécie de ilusão de presença de significante
o que pode ser importante na construção da feminilidade.
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