Como psicanalista e professora de dança,
tive uma experiência com crianças de 3 a 6 anos em uma instituição escolar.
Nesta faixa etária, as crianças possuem muita energia corporal. Ou seja, essa
energia denominada pulsão para a psicanálise, exige da criança um destino.
Muitas crianças esperam do professor um
modelo a ser copiado. Em geral as meninas. Como psicanalista, meu trabalho foi
dar espaço para a criança fazer o que quiser. As crianças ficaram “livres” para
se expressar. Os movimentos corporais apresentaram-se intensos e rápidos.
A imagem inconsciente de corpo que se
apresentou, de uma maneira geral foi a do corpo fisiológico. Simplesmente um
lugar para canalizar suas pulsões.
A problemática identificada foi a seguinte:
as crianças estão deficitárias nos âmbitos: da percepção, da propriocepção, da
expressão criativa e do conhecimento do próprio corpo.
A hipótese é a de que desde muito cedo as
crianças devem sentar em carteiras e adquirir aprendizagens formais sem que
estejam maduras para tal. A condição psíquica para apreender algo se relaciona
com o corpo e a sua exploração diretamente.
Concordando com Sigmund Freud, o eu é
corporal. Essas crianças estão carentes de ser, de poder ser. É somente a partir
da constituição do eu que o aparelho psíquico se desenvolve.
Conclusão: a contemporaneidade provoca uma
antecipação de maturidade neurológica porque os pais assim desejam, pois a
escola assim trabalha e consequentemente a educação impede o desenvolvimento do
eu e simultaneamente provoca um analfabetismo corporal.
E quantos adultos chegam para fazer uma
simples aula de dança e entram em contato com “dificuldades” da ordem do eu, da
imagem. Desistem facilmente.
Lamentável.
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